Onde o banco ganha o dinheiro
Sabia que se perder ou esquecer o PIN do seu cartão multibanco pode ter de pagar até 12 euros ao banco para pedir um novo? Ou que depositar aquele saco de moedas que amealhou durante meses poderá custar-lhe mais de cinco euros? A Deco estudou todas as comissões cobradas pelos bancos pelos mais diversos serviços e reuniu numa lista as dez mais insólitas, que publica na edição de setembro/outubro da revista Dinheiro&Direitos.
A Associação de Defesa do Consumidor concluiu que a cobrança de comissões agravou-se a partir de 2011, com a chegada da crise, e considera que os valores exigidos pela banca para serviços à partida simples são “desproporcionais”.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) defende-se, sublinhando que “os bancos prestam aos seus clientes um amplo conjunto de serviços, o que exige avultados investimentos e continuados custos operativos e as comissões bancárias visam remunerar as instituições pelos serviços bancários prestados”. Para a Deco, a justificação “não tem fundamento”, face à política de redução de custos dos bancos nos últimos anos.
A associação luta há anos para colocar o Parlamento a discutir a questão, mas apesar de algumas pequenas vitórias, afirma que ainda há um longo caminho a percorrer. As comissões já representam quase metade das receitas dos bancos.
Juntar moedas
Se é daquelas pessoas que tem o hábito de colecionar moedas em frascos para depois as depositar no banco, talvez seja melhor pensar duas vezes e ir gastando os trocos no supermercado. Praticamente todos os bancos nacionais cobram para receber o depósito destas moedas, quando ultrapassam as 100 unidades. A média das comissões desta operação ronda os três euros, o que muitas vezes não compensa sequer a deslocação ao banco. Além disso, segundo o teste da Deco, o montante ainda demora vários dias a entrar na conta do cliente. A solução? Se tiver paciência, separe 99 moedas de cada vez e deposite-as em dias diferentes.
Perder cheques
Em 2015, o Banco de Portugal contabilizou uma queda de 11% no número de cheques passados. Ainda assim, há quem não dispense o bom velho livro de cheques para fazer um pagamento. Se alguma vez perdeu um cheque preenchido, provavelmente aprendeu a lição, porque para o cancelar é necessário pagar em média 10,85 euros, e no máximo 24,60 euros. Há exceções a esta regra no panorama bancário nacional: o Novo Banco, o Santander Totta e o Best Bank perdoam-lhe a distração.
Passar cheques carecas
Depois de ler o ponto anterior ainda não desistiu de passar cheques? A próxima comissão pode fazê-lo mudar de ideias. Imagine que o azar lhe bate à porta e sem saber passa um cheque sem provisão. A saga e a lista de despesas associadas aos cheques carecas são de pôr os cabelos em pé. Passar um cheque sem provisão vai custar-lhe em média 38 euros, um aumento de 27% em relação a 2013. No caso do Crédito Agrícola o deslize pode custar-lhe 67 euros. Os bancos cobram até para avisar os clientes que estes passaram um cheque sem cobertura. Uma despesa que pode ascender aos 57 euros. Depois será necessário regularizar a situação. Mais 43 euros, em média. Caso não o faça nos 30 dias permitidos, o seu nome vai para a ‘lista negra’ do Banco de Portugal, como utilizador de risco num prazo que pode chegar a dois anos. Se quiser sair da lista antes pode abrir os cordões à bolsa, mas é certo que vai custar-lhe mais de 100 euros. E para voltar a passar cheques? Cerca de 113 euros.
Transferências erradas
É provável que nunca lhe tenha acontecido, mas nada garante que não venha a acontecer. E é melhor prevenir do que remediar, ou neste caso, pagar. Uma transferência bancária com o IBAN do destinatário errado pode ser anulada, mas vai custar-lhe em média 24,79 euros, mais 25% do que há três anos. Caso o seu banco seja o Deutsche Bank o engano pode sair-lhe ainda mais caro: 73,80 euros.
Esquecer o PIN
Hoje em dia usamos códigos PIN para tudo. Para desbloquear o telemóvel, o tablet, para o cartão multibanco, para a conta online… São números capazes de dar a volta à memória de qualquer um. Se por razões de segurança não tem o código PIN do seu cartão multibanco ou crédito anotado, então saiba que esquecer-se dele, e pedir um novo, vai custar-lhe em média 7,21 euros. Mas pode chegar aos 12 euros. O Santander Totta é a exceção.
Renegociar o crédito
Circunstâncias da vida podem alterar a sua disponibilidade financeira de um ano para o outro. A prestação do crédito tornou-se insuportável? É possível negociá-la com o banco. Mas não é fácil, nem vai sair barato. Caso seja bem sucedido na persuasão, prepare-se para pagar cerca de 125 euros. Titularidade de conta A esta comissão é fácil de escapar. Alguns bancos vão cobrar-lhe em média 4,68 euros para mudar o nome do titular de uma conta. Para poupar esse dinheiro, feche a conta antiga e abra uma nova. É grátis.
Declaração de crédito
O crédito à habitação é provavelmente o maior encargo mensal do seu agregado familiar. E não é anormal que lhe peçam um comprovativo desse valor, por exemplo, para definir a mensalidade da escola dos seus filhos. Pois saiba que essa folha de papel pode custar-lhe quase 40 euros. Que podem subir para os 61 se tiver de comprovar o valor que ainda tem falta para com o banco.
Declarações por escrito
As comissões exigidas pela banca por declarações em papel são consideradas pela Deco como as mais “desproporcionais”. Um documento que comprova que a sua conta é solidária custa, em média, 56,12 euros. Pedir uma declaração pode chegar a custar 153 euros no BBVA.
Levantar dinheiro ao balcão
A caixa multibanco mais próxima está avariada ou não tem dinheiro disponível? É possível ir ao balcão do seu banco pedir um levantamento. Conte ficar, em média, com cinco euros a menos na conta, além do levantamento que ia fazer. No Novo Banco o serviço custa 12,48 euros. E neste caso não há exceções.
Artigo visto em: Onde o banco ganha o dinheiro (dinheiro vivo)
https://www.dinheirovivo.pt/banca/onde-o-banco-ganha-o-dinheiro/